Não convence: convocação de Richarlison escancara contradições de Diniz na Seleção

A escolha do técnico pelo atacante dividiu opiniões. A confiança de Diniz em Richarlison não se justifica pelos próprios argumentos do treinador

Na última sexta-feira (18), a Seleção Brasileira revelou seus 23 jogadores convocados para os jogos contra Bolívia e Peru, válidos pelas duas primeiras rodadas das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026.

O responsável por montar a lista seleta foi Fernando Diniz, que está no comando da Amerelinha de forma interina enquanto treina o Fluminense. A CBF espera concretizar a chegada de Carlo Ancelotti, no próximo ano.

As escolhas do treinador dividiram opiniões, como a ausência de Vitor Roque e outros nomes que eram cotados. Por outro lado, Richarlison continuou sendo chamado, o que causou críticas na web.

O atacante não engrenou em 2023 e está em baixa no Tottenham. Em meio a esse cenário, a convocação de Richarlison não convence, o que escancara as contradições de Diniz na Seleção.

Richarlison em baixa, mas na Seleção

Richarlison fez grande Copa do Mundo no Catar, quando inclusive marcou um golaço de bicicleta digno de Puskas, na estreia do Brasil, contra a Sérvia. Ao todo, o atacante balançou as redes três vezes em quatro partidas no Mundial de 2022.

Ele acabou caindo nas graças dos torcedores brasileiros, mas não conseguiu repetir as mesmas atuações quando voltou à Inglaterra. No período pós-Copa do Mundo, Richarlison disputou 21 jogos pelo Tottenham em 2023.

Entretanto, o atacante marcou apenas um gol. Mesmo assim, foi convocado por Fernando Diniz. Vale ressaltar que nomes como Vitor Roque, Marcos Leonardo, Gabigol e Pedro, que atuam no futebol brasileiro, possuem números muito superiores.

Entre Athletico-PR e Seleção sub-20, Vitor Roque balançou as redes 23 vezes nesta temporada. Marcos Leonardo marcou 20 gols pelo Santos e pelo Brasil sub-20. Já Gabigol anotou 19 tentos neste ano, enquanto Pedro fez 27 gols, ambos pelo Flamengo.

Perguntado sobre as diferenças entre o futebol europeu e o brasileiro, Fernando Diniz atribuiu a diferença financeira entre os dois polos para justificar o nível de qualidade entre os campeonatos, assim como a presença dos melhores jogadores do outro lado do Oceano Atlântico:

“O fluxo de caixa determina muito como as coisas vão ser. Por que o futebol europeu leva uma vantagem muito grande? Uma das coisas é porque tem muito dinheiro”.

“Você tendo muito dinheiro, você tem estrutura e contrata aqueles jogadores que acha mais competente e leva aqueles que você acha que são os melhores”.

“Se você consegue estrutura, os melhores jogadores e treinadores no mesmo local, com o aditivo ainda de na Europa se um clima frio, que faz o jogo ser mais acelerado e competitivo, obviamente que teremos uma diferença”.

Com base nessa linha de pensamento do técnico interino da Seleção Brasileira, o gol marcado por Richarlison na Europa em 2023 tem mais peso que os anotados pelos atacantes ‘esquecidos’ no Brasil.

Só que a opinião de Diniz mostra uma incoerência. Partindo do pressuposto de que o atacante do Tottenham merece ser convocado, mesmo em baixa, porque atua na Europa, por que Arthur Cabral não foi chamado?

Em 2023, o atacante fez 29 jogos pela Fiorentina e marcou 13 gols, sendo um dos grandes nomes da equipe italiana. Por conta disso, ele acabou sendo contratado pelo Benfica.

Richarlison e Arthur Cabral atuaram no futebol europeu neste ano e o desempenho discrepante mostra quem vive melhor momento. Contudo, somente aquele que marcou um golaço de bicicleta em dezembro de 2022 foi convocado pela Seleção Brasileira.

Matheus CristianiniMatheus Cristianini

Jornalista de 23 anos formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Passagens por Rádio Unesp FM, Antenados no Futebol e Bolavip Brasil. Apaixonado por tudo o que envolve o futebol. Tanto dentro, quanto fora das quatro linhas.

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