Na última segunda-feira (28), Hassan Al-Thawadi, chefe da organização da Copa do Mundo do Catar, admitiu pela primeira vez que houve um grande número de morte na construção dos estádios.
O Catar é criticado por diversas ONGs e grupos que defendem os direitos humanos, por conta da grande quantidade de trabalhadores que perderam a vida durante as obras da Copa do Mundo 2022. Segundo o New York Times, entre 12 e 15 mil pessoas morreram nas obras.
Chefe do Catar admite mortes nas construções dos estádios
As críticas ao Catar são diversas, se intensificando com a Copa do Mundo 2022, como as condições trabalhistas para imigrantes. Assim, o governo catariano falo pela primeira vez sobre o número de mortos nas construções para os estádios da competição.
Em entrevista concedida ao Piers Morgan, no canal de televisão britânico Talk TV, Hassan Al-Thawadi admitiu que a ‘estimativa é de entre 400 e 500' trabalhadores mortos durante as construções dos estádios. “Não tenho o número exato, isso é algo que ainda está sendo discutido” e acrescenta admitindo que o Catar precisa passar por diversas melhorias.
Em seguida, Morgan comenta que é um número elevado e que esse é um ‘grande preço a pagar'. Entretanto, o chefe da Copa do Mundo 2022, afirma que os padrões de saúde e segurança no Catar, desde quando foram escolhidos como país sede do mundial. “São melhorias que sabíamos que tínhamos que fazer por causa de nossos próprios valores”, comenta Al-Thawadi.
Na entrevista, o líder da Copa do Mundo do Catar afirma que o número de mortos nãos corresponde somente aos trabalhadores que estiveram presente nas construções dos estádios. Ele afirma que, durante a jornada de trabalho, três pessoas faleceram, enquanto 37 foram fora dela.
Além disso, Al-Thawadi afirma que a maioria das mortes foram em outras obras para o mundial, como pontes, hotéis e estradas. No entanto, a causa não foi divulgada.
World Cup boss Hassan Al-Thawadi tells Piers Morgan 400-500 migrant workers have died as a result of work done on projects connected to the tournament.
"Yes, improvements have to happen."@piersmorgan | @TalkTV | #PMUQatar pic.twitter.com/Cf9bgKCFZe
— Piers Morgan Uncensored (@PiersUncensored) November 28, 2022
Catar é criticado pelas condições trabalhistas
O Catar foi escolhido como país sede para a Copa do Mundo em 2010. Desde então, é alvo de denúncias de ONGs por maus tratos de trabalhadores migrantes, com péssimas condições trabalhistas. Atualmente, certa de três milhões de trabalhadores migrantes vivem no Catar, sendo a maioria da Índia, Nepal, Bangladesh, Sri Lanka e Paquistão.
De acordo com a Human Rights Watch, os trabalhadores receberam um salário de menos de uma libra por hora, além de uma jornada de trabalho de mais de 14 horas. Bem como condições degradantes das empresas e o forte calor do país.
Em relatório, a Human Rights Watch afirma que os trabalhadores migrantes são integrados ao ‘sistema Kafala'. A ideia consiste no empregador ser o responsável legal por todas as acomodações e condições do trabalhador. Entretanto, alguns migrantes precisam pagar até 2.200 libras para garantir um emprego.
Além disso, nas regras do ‘sistema Kafala', o trabalhador não poderá sair do emprego. A Human Rights Watch diz que esse sistema foi utilizado em todos os trabalhadores migrantes da Copa do Mundo. “Nossa pesquisa mostrou que a legislação e políticas abusivas, a pressão do tempo e as tentativas de conter os custos exorbitantes resultaram em abusos contra trabalhadores migrantes”, afirma a organização.
Segundo informações e dados levantados pelas ONGs, cerca de 6,7 mil migrantes morreram durante as obras da Copa do Mundo do Catar. No entanto, o New York Times afirma que esse número está entre 12 a 15 mil.