Uma investigação publicada no último dia 3 de novembro pelo jornalista Romain Molina, documenta vários casos de abuso sexual da República Democrática do Congo. Os casos são de dirigentes de futebol contra meninos.
Todos os relatos possuem algo em comum: dirigentes ou treinadores prometiam mais minutos de jogo, ou contratos, em troca de favores sexuais. Infelizmente, a prática parece ser comum no país, afirmou o jornalista:
Temos a impressão de que todos estavam cientes dessas práticas, mas que era um tabu.
A pesquisa foi divulgada na quinta-feira (3) e Molina ainda deve divulgar uma segunda parte ainda sobre o triste tema entre sexta-feira (11) e sábado (12). A publicação foi através do site Sport News Africa.
O jornal francês Le Monde também divulgou matéria sobre a denúncia de Romain Molina e teve acesso a um áudio de um treinador a jovem jogador, veja o que ele disse:
Nós não podemos fazer você assinar um contrato até que você traga de volta um sacrifício, concorde em ser fodido. Outros jogadores aceitaram e assinaram contratos. Você dá o que procuramos, e nós damos o que você quer. É 50-50. Cabe a você decidir.
Mesmo com acesso aos áudios, os jovens muitas vezes não denunciam, nem mesmo dizem os nomes dos abusadores, por medo de represálias. Entretanto, Romain teve acesso a alguns desses nomes e disse:
Tomemos o caso de Guy-Roger Limolo, que treinou vários clubes profissionais: ele foi pego nos banheiros do estádio Tata-Raphaël em Kinshasa, abusando de um jovem jogador. E há outros casos. Alguns treinadores cumpriram pena de prisão e, uma vez libertados, abriram academias sem serem incomodados
Federação de Futebol se posiciona sobre os casos denunciados
O jornalista Romain Molina divulgou sua pesquisa recentemente, mas a Federação Congolesa de Futebol já havia sido alertada sobre esse problema há dois anos. Alguns treinadores foram à instituição para expôr casos de abuso, não só em clubes e centros de treinamento, mas também na própria seleção congolesa.
Entretanto, até a publicação do artigo a federação nunca havia considerado agir sobre um problema tão grave para o futebol do país. Agora, a Fecofa criou comissão independente que investiga os casos e vai suspender ao menos seis treinadores, por precaução.
La FECOFA 🇨🇩 suspend provisoirement les six coachs accusés de pedocriminalité dans mon enquête.
Ça bouge aussi au niveau du ministère de la justice.
La lutte continue !
Keep the faith pic.twitter.com/8ISvxbc9Rx
— Romain Molina (@Romain_Molina) November 7, 2022
Inclusive, entre os nomes, está Jonathan Buka, o técnico deverá ser ouvido pela promotoria do Estado em breve. Além dele, os outros cinco suspensos são: Guy-Roger Limolo, Tifo Miezi, Alain Kandudi, Bertin Makuzueto, Cédric Dongo Epapa.
Na segunda-feira (7), aconteceu uma reunião entre Federação, Liga nacional e o governo. Na ocasião, o ministro dos Esportes, Serge Nkonde disse que o Estado vai fazer o possível para esclarecer esse escândalo no país, que vai além do âmbito do esporte.
Em breve deverão acontecer mais desdobramentos sobre esse triste episódio no futebol internacional. Mais uma vez o sonho de jovens menino é transformado em pesadelo.