Estão aceitas pela Justiça do Rio Grande do Sul as denúncias contra quatro ex-dirigentes do Inter e outras 10 pessoas por suspeitas de desvios de recursos do clube durante o mandato do ex-presidente Vitorio Piffero, entre os anos de 2015 e 2016. Com isso, os agora “réus”, irão responder a processo na 17ª Vara Criminal de Porto Alegre.
Todos eles foram denunciados na última semana pelo Ministério Público, que concluiu a primeira etapa das investigações sobre as suspeitas de irregularidades no Inter.
Além do ex-presidente, foram denunciados os ex-dirigentes Pedro Affatato – ex-vice de Finanças, Emídio Ferreira – ex-vice de Patrimônio e Carlos Pellegrini – ex-vice de Futebol, junto com empresários do futebol e profissionais liberais. Os réus irão responder por crimes como organização criminosa, estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Segundo o Ministério Público, as investigações apontam desvios superiores a R$ 13 milhões no clube no período em benefício dos envolvidos. Alguns dos réus teriam usados notas fiscais falsas e alegado obras que nunca foram feitas para desviar recursos do clube, além de terem recebido ou repassado comissões supostamente ilícitas nas transações de jogadores.
Os réus no caso Piffero são:
- Vitorio Piffero – ex-presidente do Inter
- Pedro Affatato – ex-vice de Finanças do Inter
- Emídio Ferreira – ex-vice de Patrimônio do Inter
- Carlos Pellegrini – ex-vice de Futebol do Inter
- Carlos Eduardo Marques – engenheiro do Inter
- Arturo Affatato – empresário e irmão de Pedro Affatato
- Paola Affatato – empresária e irmã de Pedro Affatato
- Adão Silmar de Fraga Feijó – contador
- Ricardo Bohrer Simões – empresário da construção civil
- Carlos Alberto de Oliveira Fedato – empresário de futebol
- Giuliano Bertolucci – empresário de futebol
- Fernando Otto – empresário de futebol
- Rogério Braun – empresário de futebol
- Paulo Cezar Magalhães – ex-jogador e tio do ex-lateral do Inter de mesmo nome.
Entenda o caso:
As investigações sobre as suspeitas de irregularidades no Colorado se iniciaram no ano de 2017. Em abril, o Conselho Fiscal do clube emitiu parecer recomendando ao Conselho Deliberativo a reprovação das contas da gestão Piffero.
Em decisão inédita, o Conselho do clube acolheu ao parecer e reprovou as contas do clube, pela primeira vez na história. Na ocasião, o presidente do Conselho Fiscal – Geraldo Costa da Camino pediu abertura de sindicância para apurar “graves falhas de controles internos” apontados por uma auditoria externa contratada pelo clube.
Em setembro, um relatório sobre as finanças do Inter detectou uma “inconsistência” de R$ 9 milhões em contratos não realizados com cinco empresas do ramo de construção civil. O documento apontava os pagamentos suspeitos para obras que não haviam sido realizadas. Os conselheiros criaram uma comissão especial para investigar os gastos na gestão anterior.
Mais de um ano depois, em decisão considerada histórica, o Conselho Deliberativo do Inter votou pela inelegibilidade de Piffero e outros três ex-dirigentes por 10 anos. O ex-presidente, o ex-vice de Finanças, Pedro Affatato; o ex-vice de Patrimônio, Emídio Ferreira; e o ex-vice de Administração, Alexandre Limeira, foram considerados culpados por gestão irregular e temerária no biênio 2015/2016.
Em dezembro do ano passado, o Ministério Público deflagrou a “Operação Rebote” e cumpriu mandados de busca e apreensão contra ex-dirigentes da gestão Piffero. Foram apreendidos documentos e outras informações que resultaram nas denúncias feitas pelo Ministério Público. As investigações, divididas em várias partes, seguem em andamento pelos promotores.