Vendas, títulos e “potência mundial”: Como o Flamengo chegou ao R$1 bilhão em faturamento

Em 7 anos, rubro-negro quadriplicou receitas, montou potência esportiva e planeja internacionalização da marca. Entretanto, muitos processos foram feitos, e que, há alguns anos, optou por ser cauteloso nos gastos.

Desde 2019, quando voltou a ser o grande protagonista do futebol nacional e sul-americano, o Flamengo se colocou dentro do mercado como o grande rico do continente. Entretanto, este processo não foi repentino, nem fácil. Por algum tempo, foi necessário voltar ao ponto 0, e entender o tamanho e potencial do projeto.

Em 7 anos, o clube deve apresentar aumento de quase 400% nas receitas, cortou suas dívidas em quase 30% e se tornou a maior potência autônoma do esporte do continente, sem ajuda de investidores externos e apostando alto, mesmo no período de pandemia. Para isso, foram necessários alguns sacrifícios, mas que no fim do processo, foram necessários e que deram o efeito esperado.

Como o Flamengo chegou ao faturamento de R$1 bilhão em 2021

2014: O primeiro ano de evolução

Vamos começar o processo de análise pelo ano de 2014. O Flamengo era um clube com resquícios de protagonismo, mas com alto número de dívidas e com pouca capacidade de brigar por títulos. O rubro-negro não conquistou títulos, e o poder de contratações foi extremamente baixo.

Em 2014, o Flamengo apresentou receita de R$342 milhões, e seu endividamento alcançou quase o dobro: R$660 milhões. Por isso, era momento de avaliar o cenário, reduzir os débitos e entender que, por algum tempo, era necessário sofrer, em prol de um resultado positivo futuro.

Escalação base da temporada: Paulo Victor; Léo Moura, Cáceres, Walace Reis, João Paulo e Anderson Pico; Márcio Araújo, Canteros, Éverton e Nixon; Eduardo da Silva.

2015: Primeiros resultados começam a aparecer

Para o ano de 2015, o Flamengo efetua uma grande contratação: Paolo Guerrero, ídolo do Corinthians e que chegou para ser a maior referência da equipe. Emerson Sheik foi outra contratação de peso da equipe, mas que deu muito menos resultado desportivo do que o atacante peruano.

A equipe, dentro de campo, terminou na 12ª posição no Campeonato Brasileiro, foi eliminado nas oitavas de final da Copa do Brasil e apenas passou da fase de grupos dentro da Libertadores. Já nos cofres, houve grande evolução: Aumento de R$8 milhões nas receitas, e queda significativa no endividamento: De R$660 milhões para R$554 milhões.

Escalação base da temporada: Paulo Victor; Pará, César, Walace Reis e Jorge; Jonas, Marcio Araújo e Alan Patrick; Paulinho (Emerson Sheik), Éverton e Paolo Guerrero.

2016: Primeiro ano com superávit

2016 foi um ano primordial para o que hoje, fez do Flamengo a maior potência econômica do país. Em um ano que não teve títulos, mas que teve evolução grande na qualidade do time, o rubro-negro chegou ao top-3 do Campeonato Brasileiro, mostrando uma ótima evolução em relação aos anos anteriores.

As contratações de Diego Ribas, Willian Arão, Alex Muralha, Réver, Rafael Vaz e a chegada de Fernandinho por empréstimo junto ao Grêmio deram outra cara para a equipe, que sob o comando de Zé Ricardo, terminou o ano dentro do esperado.

Fora de campo, o ano foi melhor ainda. A receita subiu em mais de R$140 milhões, enquanto a dívida caiu em mais de R$60 milhões. Foi o primeiro destes anos em que o clube arrecadou mais do que devia pagar. O superávit foi de apenas R$28 milhões, mas foi um grande marco para a história recente rubro-negra.

Escalação base da temporada: Alex Muralha; Pará, Rafael Vaz, Réver e Jorge; Márcio Araújo, Willian Arão (Cuéllar) e Diego; Fernandinho (Alan Patrick), Gabriel e Paolo Guerrero.

2017: Poder de investimento aumenta, mas o campo ainda não responde

Em 2017, o Flamengo começou a temporada com alta expectativa. Novas contratações foram efetuadas, como Trauco, Rodinei, Conca, Mancuello, Berrío e por fim, Éverton Ribeiro, mas não resultou em títulos. O time terminou em 3º no Brasileirão, caiu na fase de grupos da Libertadores, e chegou na final da Copa do Brasil, sendo derrotado pelo Cruzeiro. Havia ali uma evolução e de forma gradual, uma afirmação da equipe na sua escalação e poder técnico.

E, fora de campo, um jogador foi extremamente importante para que o Flamengo arrumasse as finanças: Vinicius Jr. A venda do garoto, na época com menos de 18 anos, pela quantia de R$164 milhões, foi essencial para que no fim do ano, houvesse R$170 milhões de superávit.

Com isso, o clube não modificou sua política, mas teve mais tranquilidade para trabalhar no futebol. As receitas foram de R$620 milhões, e o endividamento caiu para R$450 milhões.

Escalação base da temporada: Alex Muralha; Pará, Réver, Juan e Trauco; Cuéllar, Willian Arão e Diego; Berrío, Éverton e Guerrero.

2018: O ano pré-auge

As chegadas de Diego Alves e Vitinho fizeram com que o Flamengo subisse de patamar em termos de investimento. Vitinho, por exemplo, custou quase R$40 milhões aos cofres do clube, e com isso, ainda contou com os garotos da base, como Lucas Paquetá e Léo Duarte, por exemplo, para se tornar ainda mais competitivo.

O time chegou na semifinal da Copa do Brasil, caiu nas oitavas de final da Libertadores, e foi vice-campeão brasileiro. Faltavam algumas peças, que no ano seguinte, após a venda de Paquetá ao Milan por R$146 milhões, mas era um forte indicativo do que aconteceria.

As receitas no ano foram de R$538 milhões, enquanto as dívidas subiram um pouco, indo para R$455 milhões.

Escalação base da temporada: Diego Alves; Pará, Rhodolfo, Réver (Léo Duarte) e Renê; Willian Arão, Cuéllar e Diego; Éverton Ribeiro, Vitinho e Uribe.

2019: O grande ano com contratações milionárias e Jorge Jesus

Em 2019, o ano começou com Abel Braga no comando e contratações milionárias: Bruno Henrique, Rodrigo Caio, Gabriel, Arrascaeta, Gerson, Rafinha, Pablo Marí e Filipe Luis deram um salto enorme de qualidade, mas que demorou a engrenar. As vendas de Léo Duarte e Jean Lucas ajudaram a equalizar estes gastos, mas que mesmo assim, geraram superávit de cerca de R$300 milhões.

Sob o comando de Jorge Jesus, o time conquistou a Libertadores, o Campeonato Brasileiro, e chegou na final do Mundial de Clubes. Na Copa do Brasil, o time caiu nas quartas de final para o Athletico.

Escalação base da temporada: Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luis; Gerson, Willian Arão, Éverton Ribeiro e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabriel.

2020: Ano turbulento dentro e fora de campo

Com um cenário extremamente atípico por conta da pandemia, o Flamengo teve que superar a queda de mais de R$100 milhões por bilheteria, além das saídas de Jorge Jesus, Pablo Marí e Rafinha, por exemplo, para se manter no topo do futebol sul-americano.

Por outro lado, o time contratou Gustavo Henrique, Léo Pereira, Isla, Pedro e Michael para melhorar as opções do elenco, mas que com Rogerio Ceni, nunca estiveram no auge do seu desempenho. O time conquistou o Brasileirão novamente, mas caiu nas oitavas de final da Libertadores e nas quartas de final da Copa do Brasil.

As receitas caíram para R$595 milhões, enquanto o endividamento novamente subiu de forma considerável: para R$721 milhões.

Escalação base da temporada: Diego Alves; Isla, Rodrigo Caio, Gustavo Henrique e Filipe Luis; Willian Arão, Diego, Éverton Ribeiro e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabriel.

Todo este longo processo passa principalmente por entender o potencial do clube, de acordo com sua representatividade e tamanho. Não se trata exclusivamente das cifras bilionárias ou de se equiparar ao rubro-negro, mas sim de entender que o futebol moderno trata o campo como consequência, e não como protagonista.

Talis Andrey Talis Andrey

Apaixonado por futebol e jornalismo. Redator do site Minha Torcida e do site Poupar Dinheiro

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