Grêmio é formador dos “jogadores mais brilhantes do Brasil”, diz The Guardian

Renomado jornal inglês acompanhou a rotina das categorias de base do clube gaúcho, para desvendar os "segredos" para a formação de talentos no futebol brasileiro.

O evidente sucesso do Grêmio, tanto no futebol nacional quanto nas conquistas continentais, chama a atenção da imprensa mundial. Prova disso é o especial feito pelo jornal inglês The Guardian, um dos mais renomados da Europa, feito para ilustrar o tamanho do planejamento feito pelo tricolor gaúcho para se manter no mais alto nível durante muitos anos. Para conseguir isso sem dificuldades financeiras, a saída é garimpar nas categorias de base seus maiores talentos.

Durante semanas, o jornal acompanhou a rotina dos dirigentes gremistas, para entender todos os processos deste longo planejamento, com o intuito de entender qual a “fórmula do sucesso” de um clube que tem nas categorias de base a sua maior riqueza:

“Esse é o nosso maior troféu. Não jogamos para vencer, jogamos para desenvolver. Quando os jogadores chegam a esse nível, é uma fonte de alegria para nós. ” diz Francesco Barletta, coordenador das categorias de base do Grêmio.

Mesmo que a mais recente joia seja Éverton, o Grêmio vem se notabilizando como um dos maiores formadores de talentos do futebol brasileiro nos últimos anos. Desde 2016, ano do primeiro título da era vitoriosa do clube, um total de 4 jogadores que foram titulares absolutos a cada ano, foram vendidos por altas cifras para o exterior. Somando as vendas de Marcelo Grohe, Walace, Arthur e Pedro Rocha, o Grêmio acumulou cerca de R$214 milhões. Além desses, o jovem atacante Tetê, que sequer estreou no profissional do clube gaúcho, foi vendido ao Shakhtar Donetsk por cerca de R$40 milhões.

“Nosso principal objetivo é formar jogadores de primeira equipe”, diz Barletta. “Nosso segundo é produzir jogadores que possam se adaptar a qualquer modelo de trabalho em qualquer clube do mundo. Das equipes do mais alto nível até o nível mais baixo das ligas estaduais aqui. Acreditamos que eles são jogadores que carregam o selo do clube, então precisam estar preparados para qualquer situação. “

Um ponto importante para a evolução dos jogadores nas categorias de base do clube é a diversidade de situações enfrentadas em todos os processos. Segundo Wagner Gonçalves, diretor técnico das categorias de base do Grêmio, isso é fundamental para a preparação dos atletas:

“A diversidade de oponentes é o segredo. Podemos observar nossos jogadores em várias situações de jogo diferentes. Quando vamos ao Uruguai, o jogo é mais sobre confronto físico. Paraguai, muitas bolas aéreas. Argentina, velocidade. Chile, transições. Os colombianos atacam mais, para que você possa trabalhar na defesa. “

Além de toda esta estrutura, o Grêmio também pensa em como adaptar seus novos talentos para deixá-los tranquilos. De acordo com Wagner, o clube busca fazer um “perfil social” para entender como cada menino se comporta em sociedade:

Às vezes eles não revelam as realidades para nós, então vamos para suas casas. Há meninos envergonhados por não terem sido criados por suas mães ou não terem uma educação tradicional, mas eu digo a eles para não se preocuparem. Sua família é a pessoa que cuida de você, pressiona você a fazer o melhor e quer o melhor. Aquela pessoa que coloca você no mundo, se não quer estar perto, é a perda deles. Eu uso meus lados maternos e profissionais juntos e funcionou muito bem. “

Dentro de campo, o Grêmio é frio e calculista no que se trata de ánalise de desempenho. Além de colher os scouts de cada jogador durante sua temporada. Tudo isso para que nenhuma decisão quanto ao aspecto desportivo seja equivocada ou que queime etapas.

“Somos pacientes”, insiste Gonçalves. “Se perdemos um torneio, investigamos por que perdemos. Conversamos com os treinadores. Mas não é: ‘Você perdeu, está demitido.' Não. Isso acontece em outro lugar. Essa é a cultura no Brasil, o que é um problema. Os melhores resultados vêm da continuidade. “

Ainda segundo Gonçalves, um dos segredos do sucesso é manter a essência de cada jogador e as características do futebol brasileiro, sobretudo sobre a qualidade técnica de cada atleta:

“Se você vem com um certo estilo de jogo, nós respeitamos isso. Nós não tentamos tirar isso. No Brasil, estamos copiando muitos métodos de outros lugares. Estamos perdendo nossa identidade um pouco. Estamos perdendo esse drible, essa improvisação. Everton mudou o jogo para a Seleção porque dribla, ele marca. Nós não perdemos nossa essência. Se você é bom em alguma coisa, é isso que você fará. Você tem que saber quem é e o que quer fazer.”

Talis Andrey Talis Andrey

Apaixonado por futebol e jornalismo. Redator do site Minha Torcida e do site Poupar Dinheiro

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