Confira os jogos da Série A que são investigados por manipulação de resultados

A Operação Penalidade Máxima continua em ação para derrubar os esquemas de manipulação de resultados dos campeonatos nacionais, os alvos agora são algumas partidas da Série A do Brasileirão

Nesta terça-feira, o Ministério Público de Goiás anunciou que seis jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de 2022 estão sob suspeita de manipulação, e nove jogadores são alvos de mandados.

Dos cinco jogos suspeitos, quatro são da 36ª rodada, duas antes do término da competição. Segundo o MP, ainda não é possível saber se jogadores receberam algum valor, mas existe a certeza de que alguns receberam propostas financeiras.

O promotor Fernando Cesconetto, disse em coletiva, que inicialmente a investigação era de apenas três jogos, mas agora são 11 partidas, e esse número ainda pode subir.   

Quais são os jogos investigados por manipulação de resultados?

Santos 1 x 1 Avaí 

Motivo: Um atleta do Santos foi assediado para tomar um cartão amarelo.

No jogo: Luiz Felipe, Rodrigo Fernandez e Vinicius Zanocelo (no banco de reservas) foram amarelados.

Red Bull Bragantino 1 x 4 América – MG

Motivo: Atleta do Bragantino foi assediado para tomar cartão amarelo.

No jogo: Lomónaco, Aderlan, Luan Cândido, Raul, Artur e Popó receberam o cartão.

Goiás 1 x 0 Juventude

Motivo: Dois jogadores do Juventude foram assediados para tomar cartões amarelos.

No jogo: Cesar, Paulo Miranda, Moraes, Jean Irmer, Felipe Pires e Vitor Gabriel receberam cartão.

Cuiabá 1 x 1 Palmeiras

Motivo: Um jogador do Cuiabá assediado para tomar cartão amarelo.

No jogo: Marllon e André Luis receberam amarelo.

Botafogo 3 x 0 Santos

Motivo: Jogador do Santos assediado para tomar cartão vermelho.

No jogo: Eduardo Bauermann foi expulso depois do fim da partida.

Palmeiras 2 x 1 Juventude

Motivo: Um jogador do Juventude assediado para tomar cartão amarelo.

No jogo: Jadson, Moraes e Vitor Gabriel receberam amarelo.

Ainda de acordo com a operação, os atletas que aceitassem a proposta receberiam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.

Jogos Estaduais de 2023 também estão sob investigação 

A ação do MP também investiga partidas válidas pelos Campeonatos Estaduais de 2023: 

  • Goiás x Goiânia – Motivo: (Goiânia sair com a derrota no primeiro tempo);
  • Caxias x São Luiz-RS – Motivo: (Penalidade cometida por jogador do São Luiz);
  • Esportivo x Novo Hamburgo – Motivo: (o jogador receber cartão amarelo);
  • Luverdense x Operário – Motivo: (número de escanteios);
  • Guarani x Portuguesa – Motivo: (atleta receber cartão amarelo).

Quantas pessoas são investigadas pela manipulação de resultados? 

Os mandados de prisão, e busca e apreensão foram feitos pela Justiça de Goiás e cumpridos em vários estados, em São Paulo, três pessoas foram presas: aliciadores e apostadores.

  • São Paulo: dez mandados de busca, dois são atletas
  • Rio de Janeiro: um investigado 
  • Goiás: um atleta investigado
  • Rio Grande do Sul: três investigados, dois são jogadores
  • Santa Catarina: dois atletas investigados
  • Pernambuco: dois jogadores investigados

Até o momento, não há suspeita de participação de árbitros, clubes ou dirigentes.

Quais jogadores são réus na investigação de manipulação de resultados?

O MP denunciou ao todo oito jogadores, de diferentes clubes, por participarem do esquema, e cometer pênaltis no primeiro tempo dos jogos, são eles:

  • Romário (ex-Vila Nova)
  • Gabriel Domingos (Vila Nova)
  • Mateusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá)
  • Allan Godói (Sampaio Corrêa)
  • André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Ituano)
  • Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Irã
  • Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR)
  • Joseph (Tombense)

O que é a operação Penalidade Máxima, que investiga a manipulação de resultados?

Em 2022, o presidente do Vila Nova- GO, juntou provas sobre o esquema e levou até o Ministério Público Goiano, para que houvesse uma investigação.

O comandante do clube ficou sabendo da suposta manipulação depois que Romário, jogador do Vila Nova- GO, aceitou receber R$ 150 MIL para cometer um pênalti durante a partida contra o Sport pela Série B do Brasileirão, o jogador recebeu parte do valor de imediato e o restante seria entregue depois do jogo, porém ele não foi relacionado e tentou convencer outras atletas a cometerem a penalidade.

Inicialmente a suspeita era que o esquema teria ocorrido somente nas partidas da Série B do Campeonato Brasileiro, mas ao aprofundar a investigação, o MP constatou o crime em jogos da Série A.

Veja a nota do MP-GO sobre a investigação

O Ministério Público de Goiás (MPGO), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), deflagrou na manhã de hoje (18/04) a Operação Penalidade Máxima II, visando a obtenção de novos vestígios da atuação de organização criminosa com atuação especializada na manipulação de resultados esportivos de jogos de futebol profissional – inclusive do Brasileirão Série A.

Há suspeitas de que o grupo criminoso tenha concretamente atuado em pelo menos 5 jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022, bem como em 5 partidas de Campeonatos Estaduais, entre eles, os campeonatos Goiano, Gaúcho, Mato-Grossense e Paulista, todos deste ano. Estão sendo cumpridos 3 mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão em 16 municípios de 6 estados, expedidos pela 2ª Vara Estadual dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e Lavagem ou Ocultação de Bens Direitos e Valores. Os mandados estão sendo cumpridos em Goianira (GO), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Pelotas (RS), Santa Maria (RS), Erechim (RS), Chapecó (SC), Tubarão (SC), Bragança Paulista (SP), Guarulhos (SP), Santo André (SP), Santana do Parnaíba (SP), Santos (SP), Taubaté (SP) e Presidente Venceslau (SP). 

Os Gaecos dos estados de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, o Cyber Gaeco do MP de São Paulo e do Centro de Inteligência do MP do Rio de Janeiro, além das polícias Militar, Civil e Penal de Goiás, dão apoio ao cumprimento das diligências.

Trata-se de desdobramento da Operação Penalidade Máxima, deflagrada em fevereiro de 2023 a qual resultou no oferecimento de denúncia, já recebida pelo Poder Judiciário, com imputação dos crimes de integrar organização criminosa e corrupção em âmbito desportivo.

O que diz a CBF sobre a investigação?

Em nota a Confederação Brasileira de Futebol disse que apoia as investigações do MP, e qualquer outra ação que colabora com a transparência dos campeonatos organizados pela instituição. 

Confira a nota completa da CBF:

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apoia toda e qualquer ação legal que traga transparência e lisura aos campeonatos que organiza e a todo o esporte brasileiro.

A CBF investe uma quantia importante e vultosa no rastreamento e monitoramento de partidas, através da Sport Radar, empresa que atua também para a FIFA e a Conmebol e é mundialmente conhecida por sua expertise neste tipo de trabalho. Isso não acontece somente nas competições que a CBF realiza. A entidade também custeia o mesmo serviço para todas as federações do Brasil.

Interferências externas em resultados ou em situações de jogo são uma epidemia global que, para ser solucionada, precisa punir de forma exemplar e urgente, os responsáveis por essa prática nefasta.

Jade Gimenez Jade Gimenez

Jornalista, fascinada por esporte desde a infância, paixão que se tornou profissão. Além do futebol me mantenho por dentro de outras modalidades desde Fórmula 1 à NFL. Trabalhei como repórter em TV e rádio cobrindo partidas de futebol, futsal e basquete.

[blocksy_breadcrumbs]