No último sábado (26), antes da partida com a Espanha pela segunda rodada da primeira fase, o técnico da Alemanha, Hansi Flick descumpriu uma das obrigações contratuais da Fifa para as coletivas de imprensa durante a Copa do Catar 2022.
A determinação da entidade é que o técnico e mais um jogador de cada seleção compareçam ao IBC (International Broadcasting Centre) para responder às perguntas dos jornalistas na coletiva de imprensa um dia antes de cada partida.
Flick alegou que o deslocamento da concentração alemã do norte do Catar até o IBC prejudicaria os treinamentos e entendeu que é preferível a Federação Alemã pagar a multa imposta pela Fifa no caso do descumprimentos destas obrigações contratuais.
Fala do técnico da Alemanha
“Você ficaria sentado no carro por um total de quase três horas e isso antes de um jogo tão importante” argumentou Hansi Flick.
A postura do técnico chamou a atenção da imprensa alemã que passou a se questioná-lo como estava o ambiente entre os jogadores da seleção e a comissão técnica. A resposta do técnico foi a de que tudo estava bem, o que não convenceu entre os jornalistas alemães que estavam no IBC.
A razão dessa desconfiança está no futebol praticado pele seleção alemã desde a Copa da Rússia 2018, quando não passou da primeira fase até a outra decepção na Euro 2020. Atrelado a isso estão outras polêmicas que têm tomado a concentração na Copa do Catar.
Na estreia da equipe contra o Japão, na última quarta-feira (23), os jogadores protestaram contra as ameaças da entidade gestora do futebol mundial. A promessa era entrar em campo com uma braçadeira “OneLove”, mas a Federação Alemã diz ter sido ameaçada pela Fifa caso isso se concretizasse.
A braçadeira não entrou em campo, mas os jogadores, ao posarem para a fotografia da partida, taparam a boca em sinal de protesto e indicativo de censura da Fifa e da própria ditadura do país sede, o Catar.
A imagem logo ganhou as redes sociais mostrando uma empatia da seleção alemã frente à defesa dos direitos, sobretudo dos LGBTQIAP+. Por outro lado, os catari se apropriaram do protesto para dizer que Mesut Özil, jogador alemão de ascendência turca e que esteve nas copas de 2014 e 2018, sofreu islamofobia na Alemanha.
A torcida catari aproveitou o jogo entre Alemanha e Espanha para fazer um contraprotesto ao protesto alemão da estreia.
Foi usado o mesmo gesto de colocar a mão na boca, mas com a imagem de Mesut Özil, que diversas vezes afirmou sofrer islamofobia na Alemanha. pic.twitter.com/xhL5JeGNi4
— Copa Além da Copa (@copaalemdacopa) November 29, 2022
Mas em campo o Japão venceu por 2 x 1 colocando em questionamento a atuação técnica e tática da equipe de Hansi Flick.
Após o empate em 1 x 1 com a Espanha, no domingo (27), os alemães mantiveram suas chances de classificarem-se às oitavas-de-final. Para isso dependem de uma vitória frente à Costa Rica e de um resultado positivo da seleção da Espanha frente ao Japão.
Caso o Japão vença a Espanha e os alemães consigam aumentar o saldo de gols também é possível avançar à próxima fase. Resta saber o quanto esse ambiente vivido pela seleção alemã fora de campo terá reflexos nas quatro linhas.
