Neste último domingo (6), em Assembleia Geral Extraordinária, os sócios do Santos aprovaram a possibilidade de o clube ter um SAF. Isso foi possível com a alteração do Estatuto Social do Clube tendo uma aprovação de 2.293 votos contra 1.127 votos não concordando com o texto.
Entretanto, caso tenha uma possibilidade de o Peixe ser comprado, ou ao menos uma parte dele, para isso acontecer, será preciso passar por todos os órgãos do clube e ser apoiado pelos associados por meio de votos.
A partir de agora nós temos uma regra que nos adequa à lei federal. Quem decide é o Santos. Através de quem? Através do associado do Santos, quem decide é o associado através de vários trâmites. Agora, o Santos tem um regimento – festejou Celso Jatene, presidente do Conselho Deliberativo do Santos no triênio 2021/2023.
Entenda o que é o SAF
Em primeiro lugar, SAF significa Sociedade Anônima do Futebol e foi criado em 6 de agosto de 2021, pelo Congresso, por meio da Lei 14.193/2021. Dessa forma, ela estimula que clubes do futebol brasileiro mudem da associação civil sem fins lucrativos para a empresarial.
Nesse sentido, os clubes já podem ser criados com esse fundamento ou até mesmo converter, como foram os casos de Botafogo, Vasco e Cruzeiro. Esse modelo já é adotado por alguns clubes europeus, são eles: Chelsea, Bayern de Munique, Manchester City e Paris Saint Germain.
No entanto, há algumas controversas se realmente é viável para um time mudar de associação civil sem fins lucrativos para clube-empresa. O economista e sócio da consultoria Convocados, Cesar Grafietti, acredita que o SAF pode ajudar um clube a regularizar suas dívidas.
“As SAF criam mecanismos que permitem ou facilitam uma reestruturação de dívidas. Os clubes conseguem mais prazos de pagamento e uma renegociação mais organizada. Isso tende a ajudar na sustentação dos clubes, que sem essa reestruturação ficam sufocados no curto prazo”
Em contrapartida, o jornalista Irlan Simões conta que aderir ao SAF pode ser uma maneira equivocada do clube tentar sanar as dívidas, já que acha que nem sempre profissionalizar a administração irá gerar o retorno esperado.
“Os clubes estão vendendo suas marcas muito apressadamente, por quaisquer valores. É certo que eles estão endividados, possuem má condição esportiva e a moeda está desvalorizada, mas, na minha opinião, estão vendendo suas marcas por pouco”, diz.
“Você pode ter todo o dinheiro do mundo, uma gestão extremamente profissional e não dar resultado em campo. Assim como pode ter uma gestão que é uma tragédia, mas nos jogos o time joga bem e é campeão. Essa crença que está acontecendo no Brasil é muito perigosa, sobram casos de clubes empresariais que não tiveram sucesso no resto do mundo”, acrescenta Simões.
No caso do Santos, já é de conhecimento de todos que o clube enfrenta uma grande dívida e tenta de alguma maneira diminuir esses números. Durante a temporada, houve diversas mudanças de técnico e desde agosto que o Peixe não tem um diretor-executivo de futebol. Desse modo, Andres Rueda, está em busca de preencher esse cargo para 2023 e também de um novo comandante da equipe profissional, cargo este que está sendo ocupado por Orlando Ribeiro até o fim desta temporada.
Imagem: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC