Técnico do Senegal escondeu tragédia familiar para continuar jogando

Nos preparativos para as oitavas de final, o técnico do SenegalAliou Cissé busca repetir o feito de 2002, quando esteve em campo no mundial. No entanto, na época, após a campanha histórica, escondeu uma tragédia familiar para continuar jogando.

O atual treinador da equipe senegalesa, atuava como volante quando era jogador, sendo um dos pilares do meio de campo da seleção. Além disso, esteve presente na delegação que disputou a Copa do Mundo 2002, na Coréia do Sul e Japão, chegando até as quartas de final.

Técnico do Senegal enfrentou tragédia familiar

Disputar uma Copa do Mundo é o sonho da maioria dos jogadores de futebol, buscando fazer história na principal competição e defendendo as cores de seu país. A edição do mundial de 2002, contou com uma campanha histórica da seleção do Senegal, vencendo a França, campeã de 1998, e avançando para a segunda fase, sendo eliminada apenas nas quartas de final.

Colhendo os frutos da ótima campanha, o capitão da seleção do Senegal e atual técnico, Aliou Cissé, assinou com o Birmigham em 2002, aos 26 anos. Entretanto, enfrentou uma tragédia familiar no mesmo período.

No dia 26 de setembro de 2002, o navio MV Le Joola viajava de Ziguinchor, localizado no sul do Senegal, para Dacar. A embarcação pertencia ao governo senegalês e tinha a capacidade para 580 pessoas, mas naquele dia, 1.927 pessoas estavam a bordo.

Enfrentando ventos fortes e um mar agitado, o navio virou e afundou, resultando na morte de 1.863 pessoas, deixando apenas 64 sobreviventes. Entre as vítimas, contavam diversas pessoas de Senegal, Camarões, Guiné, Gana, Nigéria, França, Espanha, Noruega, Bélgica, Líbano, Suíça e Holanda. É considerado um dos piores desastres marítimos não militares.

Nas 1.863 vítimas, 11 eram familiares de Aliou Cissé, sendo irmã, tias, tios, sobrinhos e primos. Segundo o treinador, que acompanhava as notícias na Inglaterra, esperar as informações foi o momento mais difícil. “A certa altura, as pessoas diziam que não era verdade. Diziam que o navio tinha chegado. Nesses momento, você recupera o fôlego apenas para ouvir 30 minutos depois: não, não é verdade, o barco ainda não chegou”, comenta Cissé.

Recém contratado, o senegalês manteve a notícia em segredo por alguns dias, buscando focar nos treinamentos do Birmigham e chegou a entrar em campo nos 90 minutos contra o West Ham. Assim que as informações da tragédia foram divulgadas, o técnico da equipe na época, Karren Brady convidou Cissé para tirar uma licença, que recusou, afirmando não ser a sua forma de luto.

Posteriormente, o técnico do Senegal se afastou dos gramados por alguns dias e ficar com os seus familiares. “Guardei tudo para mim. Foi um dia muito complicado e difícil, mas minha família precisava que eu fosse forte para eles”, comenta Cissé.

Agora, o treinador busca repetir o feito de 2002, com uma vitória diante da Inglaterra neste domingo (4), às 16h (horário de Brasília). Certamente, será um momento especial, 20 anos após enfrentar uma tragédia.

Gabriel Lemes Gabriel Lemes

Sou jornalista e sonho em trabalhar com jornalismo esportivo. Desde pequeno, convivo com futebol e com o passar dos anos, fui me apaixonado por outras modalidades. Hoje, não me vejo trabalhando em outro área que não seja com esporte. A emoção que um simples jogo causa no torcedor e nos fãs, é algo inexplicável e encantador, o que só aumenta  a minha admiração.

[blocksy_breadcrumbs]